Que Peixinhos é um grande bairro todos sabem, pois é um dos
maiores em densidade demográfica de Olinda, mas esse bairro também esconde grandes
histórias que contribuiu para o desenvolvimento da cidade e poucos conhece.
Veremos um pouco da história de um lugar muito interessante do bairro, o
Matadouro, (agora conhecido como Nascedouro). Que será contada por Zuleide de Paula que escreveu o Livro, “Peixinhos, um rio por onde navegam um povo e suas histórias”, que relata a os
acontecimentos do Matadouro e sua contribuição para desenvolvimento do bairro e
da cidade.
“Quem vem de Sitio Novo para
Peixinhos, de longe vê alguns prédios envelhecidos pelo tempo e abandonados”.
Estão Cheios de ratos, cobras, urubus. Pode estar certo que ali já foi uma
enorme fonte de emprego e de renda no Estado. Exportava carne, couro e chifres.
De prédios rígidos, o Matadouro
de Peixinhos teve sua construção iniciada em 1874, e concluída e inaugurada em
9 de novembro de 1919. Dr. Pernambuco, dono do Engenho Nossa Senhora da Ajuda,
foi o engenheiro responsável por essa obra e também da Faculdade de Direito do
Recife.
Quase todo material foi
importado, refletindo a época de construção em estilo europeu. Antes de ser
concluída, a obra já funcionava. Foi
através do Matadouro que Peixinhos cresceu, sua migração aumentou a passos
largos. Vinha gente de todos os lugares, de outros Estados, principalmente da
Paraíba. Mais da metade do povo de peixinhos é filho ou neto de paraibano.
As famílias dos Araújos e dos
Martins foram as que, mas se destacaram, nos negócios relacionados com o gado,
no matadouro trabalhavam homens, mulheres, jovens e crianças. Havia vários
tipos de trabalho, de forma que ninguém ficava na rua por falta do que fazer.
De vigia, pedreiro, marceneiro,
jardineiro, dentista, conservador de relógio, aos serviços ligados diretamente
ao gado, como: magarefe,(profissional que matava o boi ), marreteiro,(antigo abatedor de boi), fatista,(quem cuidava das
vísseras do boi), fressureiro,
rematante,(quem cortava no matadouro
os órgãos sexuais do boi), tangedor,
boiadeiro e vários outros.
O dentista e veterinário, Dr. Ramiro,
também era quem cuidava dos dentes dos trabalhadores, lá no alto na torre,
detalhada havia um enorme relógio, que foi importado da França. Atualmente,
após ter sido depredado, existe apenas o local vazio onde ficava o relógio. O
zelador era Jorge de Barros, que cuidava do seu funcionamento e tocava a
poderosa sirene que se ouvia de muito longe. Todos os dias soava às 6, 11, 12,
16, e 18 horas, e nas Sextas-Feiras Santas tocava à meia-noite. Só aí começava
a matança em respeito ao dia Santo.
Em 1945, no dia 08 de maio, foi quando mais
tocou, horas e horas acompanhando todas as fábricas, apitos de navios e badalar
dos sinos, tudo quanto foi sirene tocou, era o fim da II Guerra Mundial.
Aridelmir de Paula, antigo morador do
bairro, conta que a felicidade era tanta que o povo se abraçava chorando de
alegria. Em 1970, o povo querendo ganhar a Copa do Mundo, todos eufóricos,
pegando arrego no rádio vizinho ou em alguns aparelhos de televisão que já
existiam, nem deram conta que o Matadouro havia fechado para sempre. “
Hoje o matadouro
de peixinhos tem outro nome, se chama nascedouro de onde nasce cultura, isso
mesmo cultura virou o centro cultural e tecnológico e ainda tem grande
importância e influência para os que moram no bairro e que continua
transformando vidas de muitos e marcando essas vidas também.
Fonte: Livro:“Peixinhos, um rio por onde navegam um povo e suas histórias”
Autor: Zuleide de Paula
3 comentários:
Vale apena ler o livro de Zuleide de Paula. Uma outra bela fonte sobre a bonita história do Bairro de Peixinhos encontramos no blog: https://movimentobocalixo.wordpress.com/peixinhos/ de uma das mais importantes organizações do bairro, a saber, o Movimento Cultural Boca do Lixo, criadora e mantenedora da única biblioteca do bairro, a Biblioteca Multicultural Nascedouro.
onde posso encontrar esse livro?
Parabéns!
Bela história 😃
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