Que
o nosso sistema prisional não cumpri o papel de ressocialização toda a
sociedade já sabe, os presídios que mais parecem cidades, com suas próprias normas
e que estão sempre lotados. A situação chega a ser animalesca, com espaços que
abrigam os detentos como verdadeiros animas amontoados, e as leis são criadas
de pavilhão a pavilhão de acordo com as penas impostas pela lei e pelo sistema
ao qual estão submetidos.
Nos
pavilhões existem regras onde os que estão há mais tempo detém algumas regalias
e outros conseguem essas regalias caso tenham poderes econômicos. Como na sociedade geral, o sistema prisional
também segue a orientação de quem tem mais vive melhor. Os dias demoram mais, o clima chega a
beirar o calor do deserto. Os encarcerados vivem como podem. Lá o fogão nada mais
é que um tijolo, um arame e um fio para ligar na energia. O detento que comete
um delito dentro da prisão não vai preso pois ele já está lá. A pena e a
sentença saem na hora, em tempo real. A chamada “cobrança”, não é feita por
oficial de justiça ou através dos sistemas de proteção ao crédito, mas através
de armas artesanais que são fabricadas no próprio presídio e os agentes
penitenciários fingem não ver. Afigura do chaveiro serve como uma espécie de
prefeito que tenta colocar ordem, mas que pouco faz, serve apenas para alimentar
um sistema de corrupção que atravessa diversos níveis até chegar ao diretor, gerando
uma inflação dos produtos como nunca se viu na pior crise do sistema
capitalista. Um exemplo disso é o preço de uma lata de cerveja, que custa em
torno de R$ 10,00.
Os
encontros conjugais me deixam perplexo. O nível de desorganização e o que se é
capaz de fazer para saciar os desejos carnais do sexo ou até mesmo a maior
prova de amor que eu já vi na vida, os homes que não tiveram o privilégio de
ter uma dama parar ter um momento de felicidade podemos dizer se sujeita a ter
que se amontoa no corredor do pavilhão mas nesse corredor que já esta lotado
não é suficiente dai vem o inimaginável homens tendo que se pendurar como
morcegos parar poder passar a noite enquanto outros estão em cubículos
estreitos tentando ter algumas horas de prazer com mulheres que tentam provar
seu amor ou prostitutas que tentam dentro do sistema se beneficiar de algumas
forma algo que nunca pensei presenciar.
Mas
ali no meio desse amontoado de homens e corrupção também se consegue presenciar
cenas humanamente positivas, pois lá estão seres humanos como os que estão aqui
fora, que vivem e sente as mesmas coisas, mas que não conseguem voltar parar a
sociedade da maneira que se propôs quando ali eles foram privados de sua
liberdade, porque o formato está errado e totalmente corrompido. Homens que com
o simples gesto de dividir o pão, a água e as lágrimas, às escondidas fazem–me
percebe que o erro não está neles, mas os que ali os colocaram, porque homens
que ali entram por um furto saem de lá com algumas mortes e com os piores
extintos do ser humano em plena atividade e sem mais perspectiva de vida, se
tornando assim animais contaminados com o vírus da raiva humana, que os coloca
perante uma sociedade a mercê da própria sorte. Dessa forma não há alternativa
para eles a não ser cometer outros delitos e voltar para a cela onde ali ele já
estavam adestrados como animais e continuar sobrevivendo até o dia em que eles
irão cessar suas vidas terminando assim um ciclo que os levou do nada a lugar
nenhum.
Um comentário:
Questões como estas que as pessoas não se dão conta, por estarem vendadas ou não querem enxergar e encarar a realidade além da sua zona de conforto, quem está de barriga cheia não ta nem aí pra quem tem fome, quem não tem problemas não quer saber dos problemas alheios a sociedade e o sistema em que vivemos é assimétrica, injusta e desigual.
A solução para o problema da superlotação não estará nunca na construção de novas prisões. Precisamos integrar ações de educação, cultura, lazer, saúde e oportunidade, talvez assim as penitenciarias deixem de ser a solução para o desemprego.
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