segunda-feira, 7 de maio de 2012

O humanismo na Prisão


       Que o nosso sistema prisional não cumpri o papel de ressocialização toda a sociedade já sabe, os presídios que mais parecem cidades, com suas próprias normas e que estão sempre lotados. A situação chega a ser animalesca, com espaços que abrigam os detentos como verdadeiros animas amontoados, e as leis são criadas de pavilhão a pavilhão de acordo com as penas impostas pela lei e pelo sistema ao qual estão submetidos.
      Nos pavilhões existem regras onde os que estão há mais tempo detém algumas regalias e outros conseguem essas regalias caso tenham  poderes econômicos.  Como na sociedade geral, o sistema prisional também segue a orientação de quem tem mais vive melhor. Os dias demoram mais, o clima chega a beirar o calor do deserto. Os encarcerados vivem como podem. Lá o fogão nada mais é que um tijolo, um arame e um fio para ligar na energia. O detento que comete um delito dentro da prisão não vai preso pois ele já está lá. A pena e a sentença saem na hora, em tempo real. A chamada “cobrança”, não é feita por oficial de justiça ou através dos sistemas de proteção ao crédito, mas através de armas artesanais que são fabricadas no próprio presídio e os agentes penitenciários fingem não ver. Afigura do chaveiro serve como uma espécie de prefeito que tenta colocar ordem, mas que pouco faz, serve apenas para alimentar um sistema de corrupção que atravessa diversos níveis até chegar ao diretor, gerando uma inflação dos produtos como nunca se viu na pior crise do sistema capitalista. Um exemplo disso é o preço de uma lata de cerveja, que custa em torno de R$ 10,00.
      Os encontros conjugais me deixam perplexo. O nível de desorganização e o que se é capaz de fazer para saciar os desejos carnais do sexo ou até mesmo a maior prova de amor que eu já vi na vida, os homes que não tiveram o privilégio de ter uma dama parar ter um momento de felicidade podemos dizer se sujeita a ter que se amontoa no corredor do pavilhão mas nesse corredor que já esta lotado não é suficiente dai vem o inimaginável homens tendo que se pendurar como morcegos parar poder passar a noite enquanto outros estão em cubículos estreitos tentando ter algumas horas de prazer com mulheres que tentam provar seu amor ou prostitutas que tentam dentro do sistema se beneficiar de algumas forma algo que nunca pensei presenciar.
     Mas ali no meio desse amontoado de homens e corrupção também se consegue presenciar cenas humanamente positivas, pois lá estão seres humanos como os que estão aqui fora, que vivem e sente as mesmas coisas, mas que não conseguem voltar parar a sociedade da maneira que se propôs quando ali eles foram privados de sua liberdade, porque o formato está errado e totalmente corrompido. Homens que com o simples gesto de dividir o pão, a água e as lágrimas, às escondidas fazem–me percebe que o erro não está neles, mas os que ali os colocaram, porque homens que ali entram por um furto saem de lá com algumas mortes e com os piores extintos do ser humano em plena atividade e sem mais perspectiva de vida, se tornando assim animais contaminados com o vírus da raiva humana, que os coloca perante uma sociedade a mercê da própria sorte. Dessa forma não há alternativa para eles a não ser cometer outros delitos e voltar para a cela onde ali ele já estavam adestrados como animais e continuar sobrevivendo até o dia em que eles irão cessar suas vidas terminando assim um ciclo que os levou do nada a lugar nenhum. 

Um comentário:

Claudio Malungo disse...

Questões como estas que as pessoas não se dão conta, por estarem vendadas ou não querem enxergar e encarar a realidade além da sua zona de conforto, quem está de barriga cheia não ta nem aí pra quem tem fome, quem não tem problemas não quer saber dos problemas alheios a sociedade e o sistema em que vivemos é assimétrica, injusta e desigual.
A solução para o problema da superlotação não estará nunca na construção de novas prisões. Precisamos integrar ações de educação, cultura, lazer, saúde e oportunidade, talvez assim as penitenciarias deixem de ser a solução para o desemprego.